Grandes escritórios de advocacia enfrentam governo Trump — e vencem nos tribunais

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Ações judiciais alegam que ordens executivas violam a Constituição ao atacar escritórios por suas posições e discursos, comprometendo o direito dos clientes a serem representados
O embate entre Donald Trump e os maiores escritórios de advocacia dos Estados Unidos se intensificou neste mês, após o presidente emitir uma ordem executiva mirando diretamente firmas como Susman Godfrey, Perkins Coie, Jenner & Block e WilmerHale. Mas, longe de recuarem, essas bancas optaram por levar a batalha aos tribunais — e, até agora, estão vencendo.
A reação foi rápida: em apenas duas horas após a leitura da ordem, os sócios da Susman Godfrey decidiram unanimemente processar o governo. As ações judiciais alegam que as ordens executivas violam a Constituição ao atacar escritórios por suas posições e discursos, comprometendo o direito dos clientes a serem representados.
Nos tribunais, vitórias rápidas e contundentes
As vitórias judiciais têm sido decisivas. Juízes federais bloquearam rapidamente os trechos mais severos das ordens, indicando forte tendência de decisão favorável às firmas. Em audiência sobre o caso da Perkins Coie, a juíza Beryl Howell ironizou os argumentos do governo e classificou-os como “hiper-técnicos e possivelmente sem mérito”.
Apesar do governo estar sendo representado por figuras próximas ao trumpismo, como Chad Mizelle e Richard Lawson, as firmas contrataram pesos-pesados para a batalha: Williams & Connolly, Cooley LLP, Munger Tolles e o renomado advogado conservador Paul Clement. Amicus curiae de associações jurídicas, acadêmicos e defensores da liberdade de imprensa reforçam o cerco contra a Casa Branca.
Medo nos bastidores e rupturas internas
Enquanto as firmas que optaram por enfrentar Trump demonstram resiliência, aquelas que fecharam acordos — como Paul Weiss, Skadden e Kirkland & Ellis — enfrentam tensão interna e desgaste reputacional. Advogados deixaram seus cargos, protestos surgiram em redes sociais e clientes passaram a questionar a capacidade dessas firmas de defender seus interesses contra o governo.
O clima de medo e desconfiança se espalhou pelos bastidores da advocacia corporativa. “Nunca vi uma cultura de medo tão forte em Big Law”, relatou um ex-procurador federal.
Acordos frágeis e ameaças futuras
Embora os acordos tenham temporariamente poupado algumas firmas de sanções, sua estabilidade é incerta. Fontes apontam que Trump pode emitir novas ordens caso as firmas contrariem seus interesses. “Se o presidente interpretar o acordo de forma diferente, poderá forçar a adaptação das firmas com novas ordens executivas”, alertou Nate Eimer, advogado que representa mais de 800 firmas contrárias às medidas.
Em meio a esse cenário conturbado, a batalha travada por escritórios como Susman Godfrey e Perkins Coie reforça a importância de resistir em defesa dos princípios constitucionais — mesmo diante de ameaças políticas inéditas. Para muitos na advocacia americana, essa luta pode definir o futuro da relação entre o Estado e o direito de defesa.











